sábado, 19 de maio de 2012

O PATRIMÓNIO GEOLÓGICO PORTUGUÊS. GEOCONSERVAÇÃO E GEOTURISMO

GEOTURISMO: o contacto com a natureza

O geoturismo compreende um novo segmento do turismo de natureza que surge com a intenção de divulgar o patrimônio geológico, bem como possibilitar sua conservação.

Tal atividade utiliza feições geológicas como atrativo turístico, divulgando a geodiversidade da região turística, sendo útil, portanto, para promover a associação com as atividades de ecoturismo, unindo, assim, a bio e a geodiversidade. Contudo, é preciso educar para proteger e na comercialização desse segmento do turismo deve ser observada a venda do produto com cuidado, preparando o geoturista na questão da educação e da interpretação ambiental.

O Conceito de GeoturismoA terminologia “geoturismo” passou a ser comumente utilizada a partir de meados da década de 90 e uma primeira definição amplamente divulgada foi elaborada por Hose (1995) como sendo: “a provisão de serviços e facilidades interpretativas que permitam aosturistas adquirirem conhecimento e entendimento da geologia e geomorfologia de um sítio (incluindo sua contribuição para o desenvolvimento das ciências da Terra), além de mera apreciação estética”.

Mais recentemente, Ruchkys (2005) definiu o geoturismo como sendo:“um segmento da atividade turística que tem o patrimônio geológicocomo seu principal atrativo e busca sua proteção por meio da PUC Minas – Revista de Turismo – conservação de seus recursos e da sensibilização do turista, utilizando, para isto, a interpretação deste patrimônio o tornado acessível ao público leigo, além de promover a sua divulgação e o desenvolvimento das ciências da Terra”.

A geodiversidade é tão importante quanto a biodiversidade, porém as ações que contribuem para a conservação da natureza estão preocupadas unicamente com os seres vivos. Acredita-se que a atividade turística, se bem orientada, possa contribuir para a proteção do patrimônio por meio da sensibilização do turista em relação à importância dos atrativos que visita.

É preciso educar para conservar e na comercialização do turismo deve ser observada a venda do produto com cuidado, preparando o geoturista na questão da educação ambiental. Praticado de maneira mal planejada, esse tipo de turismo pode se transformar em um instrumento de degradação ambiental, ao invés de ser uma ferramenta para a conservação.

O geoturismo em Portugal

O Geoturismo é já uma realidade em Portugal. Geoturismo é mais do que uma viagem de passagem. Envolve as comunidades locais na oferta que é disponibilizada ao visitante, garantindo uma experiência autêntica e enriquecedora. O Geoturismo familiariza os turistas com a cultura e as tradições locais e oferece em profundidade oportunidades de apreciar a beleza natural e a biodiversidade únicas da região.

 imagens disponiveis em http://passear.com/2010/10/geoturismo/ 
   
                              
Imagem mostrando um roteiro de lazer
Roteiros  Slow Food


Rota dos Mármores – Rede Lenta de Percursos Geoturísticos: tendo como ponto de partida o enquadramento geológico regional (anticlinal de Estremoz) e a indústria de rochas ornamentais aí instalada, permite uma leitura integrada do território (e.g. recursos, ocupação humana, ambiente), com o auxílio de diversos percursos que abordam, entre outros, espaços (e.g.monumentos, pedreiras, cantarias, tabernas, fornos de cal, olivais, núcleos urbanos), sabores,geoturismo, desenvolvimento sustentável,Slow Food e técnicas de orientação (Lambertoet al.,2003);

A geologia da Região dos Três Castelos de Sebastião da Gama: aproveitando o «CircuitoTurístico da Região dos Três Castelos», criado pelo poeta de Azeitão Sebastião da Gama, em1949, o roteiro salienta a geologia da região e, em particular, os locais com especial interessegeológico e mineiro, como o Cabo Espichel, o Vale de Sesimbra ou a Arrábida (Caetanoet al .,2009b), e integra outras áreas do saber, como a enogastronomia, a cultura e a história;

Geologia no Almada Forum: visita guiada pelo edifício deste centro comercial, podendoobservar-se a variedade de tipos de rochas ornamentais, em grande parte portuguesas,aplicados no exterior e interior do edifício, bem como em diversas lojas, com identificação dasvárias rochas utilizadas, em termos de tipo litológico, proveniência, idade e tipo de aplicação(Caetanoet al., 2003);

Geologia Eclesiástica, dos Prazeres aos Anjos: percurso efectuado pelo eléctrico 28E, dos Prazeres aos Anjos, para observar georrecursos culturais urbanos, em especial ocorrências depedra natural aplicadas em edifícios eclesiásticos de Lisboa (e.g. Basílica da Estrela, igrejasdo Chiado e Sé), aproveitando-se simultaneamente para abordar aspectos geológicoscomplementares, que podem também considerar-se como georrecursos culturais urbanos, eoutras áreas do saber (e.g. história, arte, arquitectura) (Caetanoet al., 2009a);

Geologia Eclesiástica no Hotel Convento do Espinheiro: o conjunto de pedras usadas na construção e ornamentação do histórico Mosteiro de N. Sra. do Espinheiro e o seu enquadramento geológico e património edificado são o fio condutor de um inovador roteiro de cariz geológico e histórico, ao qual não faltam aspectos como a ocupação do território, práticas agrícolas e gastronómicas e o enquadramento do movimento Slow Food .

O roteiro slow food centra-se na intenção de divulgar, de uma forma cientificamente correcta e simultaneamente apelativa (simples e acessível), e para um público alargado, conhecimentos de cariz geológico e mineiro, e a sua relaçãocom outras áreas do saber (e.g. geografia, fauna e flora, história, gastronomia). Procurando-se uma aproximação integrada, a Geologia e as rochas ornamentais são o ponto de partida para a leitura ecompreensão do território e de muitos dos seus diversos espaços e paisagens, possibilitando adefinição de novos produtos turísticos sustentáveis.
Os itinerários geoturísticos slow, pretendem valorizar o território onde se inserem. Nestes itinerários,  o   património geológico surge como ferramenta essencial para a leitura dos espaços e como factor indutor de desenvolvimento e promoção turística. Promove a integração e o usufruto de paisagens, saberes e sabores de cada região, de uma forma lenta, respeitadora e valorizadora das comunidades locais edo território envolvidos, tendo sempre presente conceitos queridos ao movimento Slow , como alentidão, o convívio, os produtos locais e sazonais, os alimentos bons, limpos e justos.

    A promoção da conservação do patrimônio geológico é um dos maiores desafios da comunidade de geociências neste século XXI. Isto se faz necessário uma vez que os minerais, as rochas, os fósseis, o relevo e as paisagens atuais são o produto e o registro da evolução do planeta ao longo do tempo e, como tal, é parte integrante do mundo natural.

 Referencias
Brilha J.B.R. 2005. Patrimônio Geológico e Geoconservação: a Conservação da Natureza nasua Vertente Geológica. Palimage Editora, 190p.
UNESCO 2004. World Geopark. Disponível em: http://www.worldgeopark.org/.
Sharples C. 2002. Concepts and Principles of Geoconservacion. Disponível em:
http://www.dpiwe.tas.gov.au/inter.nsf/. Acesso em: 18  Maio 2012
Geologia. Disponível em: 
http://www.tecnet.pt/portugal/19827.html.
Geoturismo. Disponivel em:http://passear.com/2010/10/geoturismo/  acesso 18 Maio 2012
Geoparques de Portugal.Disponivel em :http://www.greenwalk.org.pt/pt/index.html

Geoturismo Slow w rochas ornamentais. Disponivel em: http://pt.scribd.com/doc/46250625/Geoturismo-Slow-e-Rochas-Ornamentais-2
Movimento slow. Disponivel em: http://movimientoslow.com/pt/filosofia.html

Sem comentários:

Enviar um comentário